
Se fossem verduras e legumes, os prognósticos sobre a eleição em São Paulo feitos pelos politólogos ao longo desta campanha dariam uma boa salada. Poucas vezes houve tanta divergência de interpretações sobre a intenção de voto e o desempenho dos candidatos como na atual disputa paulistana, o que torna extremamente difícil antecipar o resultado. Tal cenário de confusão, em que nada é o que parece e intenções de voto migram de lá para cá ao sabor de picuinhas e diz-que-diz, reflete muito mais os problemas dos postulantes que suas virtudes. Nada menos que 37% dos eleitores não sabem dizer em quem vão votar, segundo a pesquisa do Datafolha que mede a intenção espontânea - aquela em que o eleitor deve dizer o nome de seu candidato. Em meio a esse desanimador cipoal eleitoral, porém, não se deve perder de vista a importância política desta eleição: o Município de São Paulo é o principal objetivo do PT em todo o País e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na missão que se atribuíram de liquidar a oposição e de se tornarem hegemônicos no Brasil......
O óbvio está tão ululante diante de nossos olhos, que nem vale a pena tentar análises 'profundas' de acontecimentos despercebidos, como se tudo fosse sutil e emaranhado. Não é. Permito-me ser coloquial como em uma indignação de botequim: o tempo passa, o tempo voa e o populismo continua numa boa. Em São Paulo, estamos entre dois populismos: um que se pode chamar de 'direita' e outro que (arggh...) chamaremos de 'esquerda'.
"E aí, cara" - digo com um gole de chope -, "como é que um sujeito como esse Russomanno pode ser prefeito de uma cidade como São Paulo? Um elemento sem a menor experiência administrativa, um 'malufista', apresentador de programas sensacionalistas, autoproclamado protetor de consumidores, com seu sorriso de 'Coringa' fixo na cara- como é que pode?"
Terá milhões de eleitores que são dominados mentalmente pelos donos dos infames supermercados da fé, donos também de casas, aviões e prédios em Miami comprados com o dízimo dos pobres. Eles comandam os ignorantes com seu poder místico para a retomada do ciclo "Ademar, Jânio, Maluf, Pitta", o populismo mais raso, mais primitivo. Seu ponta de lança é o Russomanno. Este é um fato gravíssimo: a 'islamização' da política sob dogmas da fé acrescenta um sabor medieval, oriental à demagogia. A ignorância política agrada muito aos comandantes do atraso, pois facilita o cabresto para as urnas e fortifica o evangelismo de mercado. Os 'bispos' de gravata não acreditam em Deus e só pensam nos bilhões que juntam em notinhas surradas nos bolsos vazios dos pobres que pagam para ter esperança.
No artigo “Vereador: você pode ter o seu”, publicado no jornal “Folha de S. Paulo” nesta segunda-feira 17 de setembro, o cientista político Eduardo Graeff aconselha o eleitor a “distritalizar” o voto no candidato à vereador e acompanhar sua atuação na Câmara Legislativa.
Graeff destaca a importância do voto consciente para o cargo de vereador, já que o eleito representa apenas uma parcela da cidade: “O vereador pode ser menos importante para você, mas você tende a ser mais importante para o vereador. Como o prefeito é um e os vereadores são muitos, há menos eleitores por vereador do que por prefeito. O prefeito é da cidade inteira; o vereador, de uma parcela da cidade. Por isso tende a ser mais fácil falar com um vereador para fazer reclamações e sugestões”, afirma.
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